Bem, bem, bem. Uma semana intensa com o mascarado se passou e
é hora de voltar à vida real. Ah, como isso é difícil, não é mesmo? Por que a
vida não pode ser uma eterna lua de mel? Viver de amor é tão mais fácil. E tão
bom! Não há preocupações, só prazeres, não há erros, só acertos, não há
tristezas, só alegrias e, principalmente, não há o mundo lá fora, só o mundo de
dentro: ele dentro de você, você dentro dele. Mas chega uma hora da simbiose em
que não se sabe mais quem é quem e você começa a se transformar nessa outra
pessoa que também é você, mas que desconhecia.
Enquanto a paixão está latente, ótimo, você se sente a melhor
pessoa que poderia ser: linda, feliz, sorridente, de bem com a vida. Aos
poucos, porém, a convivência vai trazendo situações para serem superadas que
podem ir lentamente guiando você para o ciúme, o sufocamento, a possessão, a
neurose, o egoísmo e outros sentimentos infantis mal resolvidos. E, se você não
se cuidar, vai se perdendo de si mesma. Você sabe quem você é? E o que gosta de
ser? O mascarado me convidou a ficar com ele mais um mês. Eu disse: “Adoraria,
mas não posso”. Não posso me perder de mim mesma.