segunda-feira, 25 de junho de 2012

ESTOQUE DE CAMISINHAS


Fui numa sex shop abastecer o meu estoque de camisinhas, que andava a zero. Comprei de todos os sabores, cores, texturas e tamanhos, principalmente - menos P, porque nessa vida a gente encontra M que acha que é G, P que acha que é M e G que se sente Extragrande, mas nunca encontra alguém que pense que o seuzão é menor do que a média nacional. Então é melhor satisfazer a todos os egos e ter sempre números vários para, na confusão, ninguém saber de fato o que é, nem o que tem. Aliás, acho que nem são fabricadas camisinhas em formas mínimas e, se são, com certeza o tamanho estampado é “super” alguma coisa. Em matéria de sexo, vale mais o que você pensa que é do que a sua genética.

Espalhei as camisinhas nas bombonieres da sala, da cozinha, do quarto, feito tira gostos, pois que não são outra coisa. Vão bem a qualquer hora do dia e da noite, são ótimos para se oferecer a uma visita e só de olhar dão vontade de comer. Tenho camufladas até na área de serviço, nunca se sabe onde um amasso bem dado pode nos levar. Minha faxineira acha graça, diz que nunca viu uma casa que tem mais camisinha do que chocolate. “Chocolate dá espinha, meu bem”, respondo sempre. Não preciso dizer que sexo faz bem pra pele, preciso?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

INDECÊNCIA


Recebi um email, desses que não têm dono, com uma historinha que casou muito bem com o assunto que eu ia abordar hoje. Diz mais ou menos assim: um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, e no centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas.

Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui".


É mais ou menos isso que acontece em relação ao sexo. Desde que o mundo é mundo ele existe no reino animal, mas em algum momento da história da humanidade alguém decretou: “É uma pouca vergonha!”. E desde então estamos fadados a acreditar que a prática desse saudável e delicioso exercício é sujo, feio, imoral e vergonhoso. Desde então somos doutrinados a acreditar que só o papai-e-mamãe para a procriação é permitido - e olhe lá, só casando, heim? - e todas as outras variáveis e orifícios são coisa de gente imunda. Sexo? Só entre um homem e uma mulher. Sexo? Só pela frente, por trás é pecado. Sexo? Só com amor. Sexo? Ui, essa palavra me dá arrepios.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

CLUBE DE SWING – PARTE 2


Ele chegou e eu saí de mim. Escorreguei pra fora do meu corpo feito lava incandescente. Um rio quente foi descendo pelas minhas pernas e crispando cada naco de carne que encontrou pelo caminho. Minhas coxas se arrepiaram e as contraí enquanto a língua dele já ia fundo dentro da minha garganta, num beijo incontrolável e ardente. Não resisto a um sussurro ao pé do ouvido e ali, naquele clube de swing, com aquela energia toda no ar e aquele belo par de performers dando tudo de si no melhor strip-tease que já assisti na vida, ser tocada assim, por trás, inesperadamente, me acendeu por completo. Peguei fogo. Peguei-o pelos cabelos e pensei em nunca mais soltá-lo.

“Desculpa o atraso”, falou quando finalmente nos descolamos e sentou ao meu lado. “Você vai ter que se redimir”, respondi com um sorrisinho sacana, enquanto puxava a gravata dele para um outro beijo voluptuoso. Ele quem?, vocês devem estar se perguntando. Calma, já conto, deixe-me tomar fôlego. Acredite se quiser, reencontrei o deus grego da festa do labirinto, o Bruno. Na verdade, foi ele quem me achou. No nosso último e primeiro encontro estávamos tão atordoados de tesão que esquecemos de trocar telefones. E, diferentemente de outros que transo por esporte, esse me deu vontade de dar um repeteco - foi gostoso demais para deixá-lo feito pipa solta ao vento.

terça-feira, 12 de junho de 2012

CLUBE DE SWING


Fui num clube de swing. Não sou grande frequentadora desses lugares, mais por falta de par do que por falta de vontade. Sai injustamente caro ir sozinha: o dobro do que custa a entrada de um casal. Infelizmente, nem sempre encontro alguém com a cabeça aberta o suficiente para me dividir com outros, ao vivo e a cores, numa boa. Mas sexta passada era aniversário do Artur, amigo bem íntimo, daquela turma libertina que já comentei e ele resolveu comemorar em grande estilo. Estavam todos lá: o Duda, a Nina, a Bebel, o John, a Silvinha, o Hugo e, claro, vários outros casais assíduos da casa. Eu não podia faltar.

Cheguei sozinha, o que não é muito legal. É, digamos, uma falta de respeito para com os outros. Mais ou menos como ir numa praia de nudismo e não tirar a roupa. Você passa duas mensagens: uma, que está com vergonha – e se tem vergonha, o que faz numa praia naturalista? Caso contrário, só pode ser por curiosidade – o que também desagrada aos nudistas, que não estão despidos para se exibir e sim como filosofia de vida, para se integrar à natureza. Conhecendo as regras, pedi desculpas à hostess. Expliquei que o meu delicioso par só chegaria mais tarde e que não queria perder o show de strip-tease das 21h - o que era a mais pura verdade.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

SANTINHA DO PAU OCO


Meu amante mascarado teve que viajar a trabalho. Achei péssima essa abstinência forçada. É o mesmo que a gente comprar um sorvete e, na primeira lambida, cair a bola inteira no chão. Fica aquela certeza de desperdício mesclada com um gostinho de quero mais. Ah, como eu queria estar agora passando a língua mil vezes de cima a baixo naquele homem gostoso sabor de pecado.

Sempre que quero muito uma coisa, ou alguém, ou uma situação, e não está nas minhas mãos o poder de alcançá-la, penso assim: "Vivi a minha vida inteira sem isso e nunca me fez falta. Posso sobreviver mais um dia (uma semana, um mês!). Não passa a vontade, mas aplaca a ansiedade. Procuro pensar em coisas legais que fiz, pessoas que me deixaram feliz, situações que me deram prazer. E que poderia repetir, se quisesse. Então, um calor bom de conforto me aquece o peito e um sorriso largo me rasga os lábios e já me animo toda. Porque a vida é o que a gente quer que ela seja.

terça-feira, 5 de junho de 2012

EM ÓRBITA


A Silvinha foi embora sob protestos. Por ela, ficava comigo até o sol raiar e confesso que a ideia não me era de todo desagradável. Muito pelo contrário, ela entrou numa academia recentemente e está com um traseiro deliciosamente sarado e coxas musculosas e suculentas que, em conjunto, chegam quase a ofuscar aquela boquinha linda e doce de beijar que tanto adoro. Mas eu estava curiosíssima para ler as mensagens do meu Mascarado lá no Messenger. Ler sozinha. Uma coisa é compartilhar com uma amiga os assuntos pertinentes ao homem da gente, outra coisa é compartilhar “o” homem. A não ser que a suruba seja instituída e de comum acordo entre as partes, prefiro degustar meus parceiros com exclusividade. Ainda mais um peixão raro que caiu na minha rede como esse.

Lá estava ele, alucinado por mim. Da meia-noite às 3h da manhã, hora em que consegui me desenlear dos braços de polvo da Silvinha, da pele de seda da Silvinha, das mordiscadas arrepiantes no lóbulo do meu ouvido, ula-lá, da Silvinha, o Mascarado me mandou infinitas mensagens. Infinitas como são as estrelas que vi quando estive com ele dentro de mim em nosso último encontro. Último e primeiro. Primeiro de uma série - o segundo estava prestes a acontecer. E se dependesse de mim, ainda esta noite.

domingo, 3 de junho de 2012

RINDO À TOA


Cheguei em casa completamente exausta, sorrindo à toa. O mascarado e eu passamos dois dias enfurnados no motel - ok, uma noite e um dia. Não vimos as horas passarem, a ponto do serviço de quarto bater na nossa porta para saber se estávamos vivos - o que achamos um absurdo, mas depois caímos na gargalhada. E comemos uva feito Baco e tomamos champanhe feito água e fiz-lhe uma massagem feito uma tailandesa e ele me degustou feito uma fruta suculenta. E me cavalgou feito um potro e dancei para ele feito uma stripper e tomamos banho feito dois gatos e cá estou feito uma geléia, amolecida de prazer.

Chamei a Silvinha para fofocar. Estou me sentindo uma adolescente apaixonada, uma espécie de Cinderela que dançou com o príncipe encantado e fugiu no meio do baile. Tudo bem, não fugi, mas de certa forma ele não sabe quem sou e não deixei pista alguma sobre o meu paradeiro ou identidade a não ser um recado escrito com batom no espelho do motel, bem clichê: “Te encontro à meia-noite”. Só não disse onde, nem quando. E ainda por cima deixei uma rosa vermelha sobre o dorso dele, tão lindo, belo adormecido entre os travesseiros.