Ele chegou e eu saí de mim. Escorreguei pra fora do meu corpo
feito lava incandescente. Um rio quente foi descendo pelas minhas pernas e
crispando cada naco de carne que encontrou pelo caminho. Minhas coxas se
arrepiaram e as contraí enquanto a língua dele já ia fundo dentro da minha
garganta, num beijo incontrolável e ardente. Não resisto a um sussurro ao pé do
ouvido e ali, naquele clube de swing, com aquela energia toda no ar e aquele
belo par de performers dando tudo de si no melhor strip-tease que já
assisti na vida, ser tocada assim, por trás, inesperadamente, me acendeu por
completo. Peguei fogo. Peguei-o pelos cabelos e pensei em nunca mais soltá-lo.
“Desculpa o atraso”, falou quando finalmente nos descolamos e
sentou ao meu lado. “Você vai ter que se redimir”, respondi com um sorrisinho
sacana, enquanto puxava a gravata dele para um outro beijo voluptuoso. Ele
quem?, vocês devem estar se perguntando. Calma, já conto, deixe-me tomar
fôlego. Acredite se quiser, reencontrei o deus grego da festa do labirinto, o
Bruno. Na verdade, foi ele quem me achou. No nosso último e primeiro encontro
estávamos tão atordoados de tesão que esquecemos de trocar telefones. E,
diferentemente de outros que transo por esporte, esse me deu vontade de dar um
repeteco - foi gostoso demais para deixá-lo feito pipa solta ao vento.
Os dias passaram e eis que pinta o convite de aniversário do
Rei Artur, nesta casa de swing, por email. Foi a deixa para o Bruno se
candidatar a ser meu par. Adorei ser escolhida, eu, que geralmente escolho. Me
senti uma donzela num baile, daquelas que fica sentadinha na cadeira e o don
Juan vem tirar pra dançar. Mas havia um porém: ele trabalha num banco de
investimentos e estaria em reunião em NY - olha que chique! Chegaria mais
tarde, algum problema? Nenhum. Um cara se despencar do outro lado do planeta só
para me ter, ok, meter mesmo, não é o máximo? Eu acho. Como prêmio, ia levar a
minha poupança. Nada melhor do que deixar nossos tesouros nas mãos de quem
entende do negócio.
O casal de strippers encerrou o show sobre a nossa mesa, eu
comecei o meu por baixo. Ele beijando o pescoço dela, eu agarrando partes mais
latentes do meu par. Quanto mais eu apertava, mais o Bruno me esmagava, a minha
mão trabalhando rápido, as dele em volta de mim. Nem vimos quando o pessoal
subiu para o segundo andar, ficamos os dois ali, entregues a vontades frenéticas,
um misto de saudade com urgência. “Você vale cada milha voada”, me disse,
enquanto eu abria a sua camisa e o deixava visualmente enlouquecedor, com o
abdômen delineado se insinuando para fora e o mastro sob a calça pronto para
ser abocanhado.
Abri o cinto dele com os dentes, passando as unhas pela sua
cintura, arranhando forte. Ele se contorceu e empinou o quadril num impulso,
numa estocada viril, que me deixou encharcada só de imaginar tudo aquilo dentro
de mim. Eu estava de quatro, por cima dele e o meu vestido se abriu num decote
generoso. Duas mãos másculas agarraram os meus peitos e meus mamilos derreteram
de tesão, enrubesceram formando duas flechas pontudas implorando para serem
mordiscadas. Eu estava sem sutiã. Eu estava sem sustentação: levitando no ar.
Um garçon nos trouxe drinks e pigarreou. Tá certo, tá certo,
sexo explícito só no andar de cima. Apesar da gozada não dada, foi bom ter nos
interrompido porque estávamos ali para uma suruba daquelas que não se tem todo
dia. Amassos fogosos podíamos dar em qualquer canto. Rindo e abraçados,
subimos. Ou melhor, tentamos subir: na escada, no penúltimo degrau, havia um
casal esparramado, já nas vias de fato. Uma espécie de guardiões do templo do
prazer. Às vezes é difícil segurar e esperar por um local apropriado. O melhor
lugar para se fazer amor é aquele em que os nossos corpos se encontram.
Havia um corredor estreito repleto de portas com treliças de
onde gemidos e pernas se erguiam pelo ar. Entreolhamo-nos e, sem precisar
emitir palavras, pensamos a mesma coisa: parecia o labirinto. Esse lampejo de
lembrança foi como uma faísca num pavio, nos grudamos num chupão ali mesmo. Ele
me prensou contra a parede e nem vi como ou quando meu vestido deslizou para o
chão. Uma tora grossa e quente invadiu minhas entranhas sem pedir licença
enquanto ele segurava firme e alta uma das minhas pernas, perna essa que
enlacei em sua cintura.
O Bruno não estava nem um pouco gentil, estava ensandecido,
um garanhão alucinado, um potro. Me virou de costas e investiu em minha
commodity. Cada estocada me fazia sair do chão e eu, que adoro uma selvageria,
urrava. Nossa sintonia deve ter atraído outros casais pois, mais que um show
exibicionista, estávamos realmente entregues um ao outro e quando o tesão é
genuíno contagia de verdade. Logo estávamos cercados por dois outros casais. Em
seguida veio a Silvinha, minha pequena flor de maracujá, adoçar minha
cavalgada. Ela se abaixou e com a língua divina fez brotar água da minha fonte.
Virei cachoeira.
O contraste da rudeza com a suavidade, de mãos apalpando,
alisando, de línguas pegajosas, de sons agudos e graves, calores e calafrios,
me atordoaram num grau que me senti como se num sonho, acordada. Abri os olhos
e um olhar faminto, desconhecido e descomunal, surgiu na minha frente. Outro
macho, se insinuando, se convidando. Uma camisinha vermelha envolvia seu ferro
em brasa e sem parar de arfar, com o Bruno acoplado na retaguarda, eu disse:
“Vem!”. E ele veio. E foi e veio e foi e veio e o resto da história entrou pra
história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário