quarta-feira, 20 de junho de 2012

CLUBE DE SWING – PARTE 2


Ele chegou e eu saí de mim. Escorreguei pra fora do meu corpo feito lava incandescente. Um rio quente foi descendo pelas minhas pernas e crispando cada naco de carne que encontrou pelo caminho. Minhas coxas se arrepiaram e as contraí enquanto a língua dele já ia fundo dentro da minha garganta, num beijo incontrolável e ardente. Não resisto a um sussurro ao pé do ouvido e ali, naquele clube de swing, com aquela energia toda no ar e aquele belo par de performers dando tudo de si no melhor strip-tease que já assisti na vida, ser tocada assim, por trás, inesperadamente, me acendeu por completo. Peguei fogo. Peguei-o pelos cabelos e pensei em nunca mais soltá-lo.

“Desculpa o atraso”, falou quando finalmente nos descolamos e sentou ao meu lado. “Você vai ter que se redimir”, respondi com um sorrisinho sacana, enquanto puxava a gravata dele para um outro beijo voluptuoso. Ele quem?, vocês devem estar se perguntando. Calma, já conto, deixe-me tomar fôlego. Acredite se quiser, reencontrei o deus grego da festa do labirinto, o Bruno. Na verdade, foi ele quem me achou. No nosso último e primeiro encontro estávamos tão atordoados de tesão que esquecemos de trocar telefones. E, diferentemente de outros que transo por esporte, esse me deu vontade de dar um repeteco - foi gostoso demais para deixá-lo feito pipa solta ao vento.


Os dias passaram e eis que pinta o convite de aniversário do Rei Artur, nesta casa de swing, por email. Foi a deixa para o Bruno se candidatar a ser meu par. Adorei ser escolhida, eu, que geralmente escolho. Me senti uma donzela num baile, daquelas que fica sentadinha na cadeira e o don Juan vem tirar pra dançar. Mas havia um porém: ele trabalha num banco de investimentos e estaria em reunião em NY - olha que chique! Chegaria mais tarde, algum problema? Nenhum. Um cara se despencar do outro lado do planeta só para me ter, ok, meter mesmo, não é o máximo? Eu acho. Como prêmio, ia levar a minha poupança. Nada melhor do que deixar nossos tesouros nas mãos de quem entende do negócio.

O casal de strippers encerrou o show sobre a nossa mesa, eu comecei o meu por baixo. Ele beijando o pescoço dela, eu agarrando partes mais latentes do meu par. Quanto mais eu apertava, mais o Bruno me esmagava, a minha mão trabalhando rápido, as dele em volta de mim. Nem vimos quando o pessoal subiu para o segundo andar, ficamos os dois ali, entregues a vontades frenéticas, um misto de saudade com urgência. “Você vale cada milha voada”, me disse, enquanto eu abria a sua camisa e o deixava visualmente enlouquecedor, com o abdômen delineado se insinuando para fora e o mastro sob a calça pronto para ser abocanhado.

Abri o cinto dele com os dentes, passando as unhas pela sua cintura, arranhando forte. Ele se contorceu e empinou o quadril num impulso, numa estocada viril, que me deixou encharcada só de imaginar tudo aquilo dentro de mim. Eu estava de quatro, por cima dele e o meu vestido se abriu num decote generoso. Duas mãos másculas agarraram os meus peitos e meus mamilos derreteram de tesão, enrubesceram formando duas flechas pontudas implorando para serem mordiscadas. Eu estava sem sutiã. Eu estava sem sustentação: levitando no ar.

Um garçon nos trouxe drinks e pigarreou. Tá certo, tá certo, sexo explícito só no andar de cima. Apesar da gozada não dada, foi bom ter nos interrompido porque estávamos ali para uma suruba daquelas que não se tem todo dia. Amassos fogosos podíamos dar em qualquer canto. Rindo e abraçados, subimos. Ou melhor, tentamos subir: na escada, no penúltimo degrau, havia um casal esparramado, já nas vias de fato. Uma espécie de guardiões do templo do prazer. Às vezes é difícil segurar e esperar por um local apropriado. O melhor lugar para se fazer amor é aquele em que os nossos corpos se encontram.

Havia um corredor estreito repleto de portas com treliças de onde gemidos e pernas se erguiam pelo ar. Entreolhamo-nos e, sem precisar emitir palavras, pensamos a mesma coisa: parecia o labirinto. Esse lampejo de lembrança foi como uma faísca num pavio, nos grudamos num chupão ali mesmo. Ele me prensou contra a parede e nem vi como ou quando meu vestido deslizou para o chão. Uma tora grossa e quente invadiu minhas entranhas sem pedir licença enquanto ele segurava firme e alta uma das minhas pernas, perna essa que enlacei em sua cintura.

O Bruno não estava nem um pouco gentil, estava ensandecido, um garanhão alucinado, um potro. Me virou de costas e investiu em minha commodity. Cada estocada me fazia sair do chão e eu, que adoro uma selvageria, urrava. Nossa sintonia deve ter atraído outros casais pois, mais que um show exibicionista, estávamos realmente entregues um ao outro e quando o tesão é genuíno contagia de verdade. Logo estávamos cercados por dois outros casais. Em seguida veio a Silvinha, minha pequena flor de maracujá, adoçar minha cavalgada. Ela se abaixou e com a língua divina fez brotar água da minha fonte. Virei cachoeira.

O contraste da rudeza com a suavidade, de mãos apalpando, alisando, de línguas pegajosas, de sons agudos e graves, calores e calafrios, me atordoaram num grau que me senti como se num sonho, acordada. Abri os olhos e um olhar faminto, desconhecido e descomunal, surgiu na minha frente. Outro macho, se insinuando, se convidando. Uma camisinha vermelha envolvia seu ferro em brasa e sem parar de arfar, com o Bruno acoplado na retaguarda, eu disse: “Vem!”. E ele veio. E foi e veio e foi e veio e o resto da história entrou pra história.

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