Ah, doces verões natalinos. A proximidade do Natal me faz recordar
minha infância nada inocente. Sempre soube que eu era diferente das outras
garotinhas. Enquanto elas se preocupavam em arranjar um par romântico para as
suas bonecas, eu queria logo me enfiar atrás de uma cortina ou embaixo da cama
com alguém para brincar de “perereca elétrica”, que é isso mesmo o que vocês
estão pensando. Aos 7 anos, já sabia muito bem onde ficava o meu ponto G. De lá
pra cá, só fiz aperfeiçoar minhas fontes de prazer. E são várias! Quantidade
também é qualidade. De vida.
Sempre fui generosa. Essa coisa de vender beijo em quermesse,
eu era totalmente contra. Eu dava logo de graça para não perder tempo com
troco. Além do mais, festa beneficente tem que ter benefício. Eu me
beneficiava, os garotos se beneficiavam e as garotinhas, infelizmente, não
sabiam o que estavam perdendo. Mas a fartura durou pouco. Quando a organizadora
descobriu que eu beijava com língua, achou uma pouca vergonha. “Pouca vergonha?
A senhora está enganada, eu não tenho vergonha nenhuma!”, argumentei, o que a
deixou de olhos arregalados. Me expulsou com cascudos, me chamando de “safada”.
Eis uma palavra que caiu como um sopro de flauta doce nos meus ouvidos. Amei!
Desde então, não quis ser outra coisa na vida. Eu tinha 9 anos.
Aos 11, quase matei de infarto um Papai Noel de um shopping.
Há muito eu já sabia que por trás daquela falsa barba branca estava um homem
com H, com cheiro de suor, mãos quentes, quem sabe um peito cabeludo? Mas eu
fazia questão de ir para a fila dos desejos, achava o máximo sentar no colo
dele, afinal, estava naquele vão de personalidade entre não ser mais criança e
ainda não ser adulta, fase em que os adultos nos evitam tocar e as crianças já
não querem mais saber de nós. E o que eu mais queria era ter um homem, um
homão, mesmo vestido de palhaço, me acariciando. Por que quase matei o pobre do
coração? Contei tudinho pra ele. Além de generosa, sou sincera.
Mas ali estava eu na sex shop, mais uma vez, escolhendo o
presente do “Amante Secreto”. Essa é uma brincadeira picante, lasciva, erótica,
divertida e excitante. As regras são as mesmas de um amigo oculto convencional,
com a diferença dos presentes serem acessórios sexuais e o “amigo”, a sobremesa
da noite. Também não sabemos quem será o nosso amante até a hora do sorteio,
que é feito à meia-noite, na festa. Eu sempre me dou bem, em todos os sentidos.
Ano passado tirei a Duda, um petisco! E fui tirada pelo Artur, o mais bem
avantajado do grupo. Quem será o meu amigo este ano, de quem será que eu vou
ser? Ai, fico molhadinha só de pensar!
Nosso seleto grupinho é fiel e cativo: somos 18 pessoas
independentes, vacinadas, desencanadas, liberais e de bem com a vida. Mas desta
vez, resolvemos abrir uma exceção: quem quiser, pode levar um rostinho novo, de
confiança, também vacinado e maior de idade, para dar novos ares à coisa toda.
Eu convidei a Silvinha, de quem já falei aqui. A ideia é não só sermos felizes,
mas fazermos a alegria dos outros. Ou seja, indicar alguém que agrade ao grupo.
Tenho certeza de que a meiga Silvinha, com seu jeitinho de menina, sua boquinha
de morango e seu incomparável poder de sucção, vai fazer um sucesso estrondoso
- um SUC-cesso!
Todos os anos, o meeting
rola na casa da Bebel. Ela é casada com um empresário milionário, mas ele está
sempre viajando nessa época. Vira o ano na China, a negócios. E a Bebel faz um
negócio da China aqui. Ele libera a verba, a mansão e ainda manda uma
surpresinha para animar a festa – ano passado o tema era oriental e ele
contratou uma dúzia de massagistas de tirar o fôlego para ficarem à nossa
disposição. E que disposição! Em retribuição, ensaiamos um show de striptease quando ele voltou de viagem,
com direito a performances pra lá de criativas de nossa parte, e o levamos às
alturas. Essa é a vantagem dos homens mais velhos: eles sabem que a vida é
curta e devemos curti-la sem arestas. Homens mais velhos libertinos, claro.
Maravilha! A dona da loja – que é minha amiga e também vai na
festa – me ajudou a montar um kit erótico que, modéstia à parte, eu gostaria de
ganhar. Natal é isso, né? Querer o bem para os outros como se fosse para nós
mesmos. É dar e receber. É união, confraternização, Papais Noéis musculosos, de
tanguinha, pulando agarrados com a gente na piscina. Tudo bem, pode ser que a
sua ceia não tenha isso. Mas com certeza tem muitos flashes inesquecíveis,
momentos que você enche os olhos d´água só de pensar. Então, que a vida lhe dê
de presente o presente que você quer se dar. Que o seu lado criança nunca deixe
de vir à tona. E que você não tenha vergonha de ser você mesmo, de se permitir,
de sonhar. O “Amante Secreto” é sexta-feira, não vejo a hora! Depois eu conto
como foi. Feliz Natal!
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