domingo, 3 de junho de 2012

RINDO À TOA


Cheguei em casa completamente exausta, sorrindo à toa. O mascarado e eu passamos dois dias enfurnados no motel - ok, uma noite e um dia. Não vimos as horas passarem, a ponto do serviço de quarto bater na nossa porta para saber se estávamos vivos - o que achamos um absurdo, mas depois caímos na gargalhada. E comemos uva feito Baco e tomamos champanhe feito água e fiz-lhe uma massagem feito uma tailandesa e ele me degustou feito uma fruta suculenta. E me cavalgou feito um potro e dancei para ele feito uma stripper e tomamos banho feito dois gatos e cá estou feito uma geléia, amolecida de prazer.

Chamei a Silvinha para fofocar. Estou me sentindo uma adolescente apaixonada, uma espécie de Cinderela que dançou com o príncipe encantado e fugiu no meio do baile. Tudo bem, não fugi, mas de certa forma ele não sabe quem sou e não deixei pista alguma sobre o meu paradeiro ou identidade a não ser um recado escrito com batom no espelho do motel, bem clichê: “Te encontro à meia-noite”. Só não disse onde, nem quando. E ainda por cima deixei uma rosa vermelha sobre o dorso dele, tão lindo, belo adormecido entre os travesseiros.


A coisa mais fácil do mundo é fazer um homem se apaixonar. O que não entendo é que a maioria das mulheres sabe o que tem que fazer, mas faz tudo errado. Sabe que não pode dar muita bandeira, mas está sempre megadisponível. Sabe que não pode ir com muita sede ao pote, que a ansiedade exala um ferormônio repelente no ar, mas lá está ela roendo as unhas e dizendo com voz afetada e chorosa: “Por que você disse que ia ligar e não ligou?”. Sabe que não deve falar do passado, que sinceridade demais não funciona, mas quando vê já contou de como não gostava do ex que tinha a terrível mania de enfiar a língua quente no ouvido.

Eu faço tudo ao contrário e tenho uma legião de pretendentes. É, pode me chamar de convencida, pois convenço mesmo. Dou na primeira noite, sempre. Não abro mão de um test drive antes de perder meu tempo e energia com quem quer que seja. Se o cara não liga no dia seguinte, quando ligar vai atender outro homem. E vou estar no fundo gemendo bem alto, só pra ele ver o que está perdendo. E que a fila anda. Não, não pense que faço só pra me vingar, faço por prazer e a fila anda mesmo. Mas o melhor realmente é não dar o telefone, assim mata dois coelhos: evita você ficar esperando e ele se sentir obrigado a ligar. Se ele quiser te encontrar, pode ter certeza que vai arranjar um meio.

Um homem se prende pela barriga. Calma, não saia em desabalada carreira a pesquisar receitas em sites de culinária. Faz assim: passe um óleo perfumado pelo corpo todo, de preferência agridoce, um daqueles que aromatizam o ambiente e dão a impressão de que tudo está impregnado com a sua presença. Prepare um ambiente íntimo e fique nua na frente dele. Reserve. Peça para ele deitar de barriga pra cima, sem camisa, sobre a cama, sofá, banco do carro, o que for. A calça você deixa para tirar depois.

Comece beijando o ladinho da cintura. Mordisque, lamba, arranhe. Vá fazendo movimentos circulares bem longe do umbigo. Abra o zíper, insinue que vai abocanhar o que ele está louco que você abocanhe e torne a subir. Engula o pescoço dele. Se ele reclamar que não é pra deixar marca, deixe. Só para ele saber quem está no comando. Se for do tipo intransigente, tampe a boca dele com um seio. Deixa ele mamar à vontade. Capricho de criança a gente satisfaz com carinhos e beijos. Depois, num momento desprevenido, é mais fácil de colocar limites.

Tempere a carne com arrepios picantes. Como? Deslize levemente os mamilos pelo peito dele, abdome, se esfregue, use e abuse do óleo com o qual está besuntada, e aí sim vá descendo grudada no seu macho, com o queixo deixando um rastro de tesão. O mastro dele vai estar apontado para as Arábias, tenha certeza. Aproveite e aplique uma espanhola no rapaz, para ele ver que você entende do assunto. Ah, não sabe o que é uma espanhola? Um filmezinho pornô de vez em quando faz bem, viu? Corra atrás do prejuízo que ainda dá tempo. A espanhola vai começar a enlouquecê-lo. Torture-o o máximo possível. E quando finalmente você sentir a firmeza do rapaz cutucando a sua garganta, olhe bem dentro dos olhos dele. Um homem jamais esquece uma santa que o chupe com cara de vadia.

A Silvinha chegou. Me aninhei no colo dela e comecei a descrever com detalhes minha noite com o Mascarado da internet. Ela perguntou se estou apaixonada e respondi: “Perdidamente”. Ela sorriu marota e com um biquinho lindo falou: “Então, temos que comemorar!”. Pegou dois licores de pêssego no bar, hum, adoro. E derramou sobre o decote. HUM, ADORO! Abriu o primeiro botão da blusa, o segundo e tornou a sorrir. Vislumbrei um peitinho dela, rosáceo, que se insinuou pra fora feito o cabinho de uma maçã. Maçã combina com pêssego. Que fome! Caímos de boca numa salada de frutas mútua, com direito a espessas caldas adocicadas.

À meia-noite, uma campainha desesperada e insistente soou do MSN.

2 comentários:

O deserto disse...

até que enfim te achei Verônica, amo suas postagens, apimenta mais a minha relação com meu marido.
Leio desde que era do bolsa de mulher, todas nós ficamos muito tristes de você ter saído de lá.
Mas agora irei te acompanhar por aqui.
Sua fã, Cris.

O deserto disse...

li a página inteira e vi que é a Ana quem coloca os posts da
Verônica, então vc coleciona as postagens da Vê? eu também amo ela, só que não fui sabida igual vc de copiar para meu pc!!!

mesmo não sendo a Vê, gostei muito de saber que tem alguém colocando as postagens dela aqui!!!

obrigadãooo